segunda-feira, 27 de junho de 2011

A volta domingueira e o recreio do Agostinho

Domingo (está praticamente institucionalizado) é dia de volta de bicicleta, e como tal toca a tirar as lycras das bolas de naftalina e pô-las a arejar.
A dita cuja, estava marcada para terras Limianas onde se previa um passeio ligeiro, sem número determinado de participantes uma vez que vários membros haviam anunciado a sua indisponibilidade para o périplo.
Com alertas multicoloridos por parte da protecção civil no que diz respeito ao calor que se iria fazer sentir, o “ajuntamento” ocorreu bem cedinho pela fresquinha com as comparências do Ang3lo, Zé Duarte, Zé Costa, Miguel, Paulino (regressado de ferias) e aquele-cujo-nome-não-pode-ser-pronunciado, mais concretamente o Agostinho.
Logo ao início deveríamos ter desconfiado a simpatia extrema deste ultimo elemento, e o facto de ele trazer em mão o gingamoichinhos do GPS. Ora se o aparelho demoníaco estava na posse do Alone Valente e ele, por superiores funções e deveres a cumprir, não iria comparecer ao encontro, porque carga de água o trazia o Agostinho?
Ingenuamente aceitamos o facto com indiferença e divertidamente assistimos à luta que o pequeno aparelho deu ao Paulino e Agostinho para que um trajecto previamente marcado surgisse no ecrã.
À bulha com o gingamoichinhos. Divertido de vêr :)

Já em marcha percorremos de uma assentada só 500 metros até a cafezada que nos desperta (mais ao autor desta crónica do que aos restantes mas pronto!)
Todos contentes rodávamos no plano sem saber o que nos esperava.

Rumamos então para Calheiros, e a coisa até prometia quando vimos a placa que indicava “mesa dos 4 abades” – éramos seis mas quando se envolve ao assunto mesas, normalmente ficamos contentes.
Aí começou o descalabro: aquele-cujo-nome-não-pode-ser-pronunciado anuncia – “viramos á esquerda!”, esperançadamente miramos o Paulino, mas a expressão na cara dele confirmava os piores receios - TINHAMOS QUE SUBIR.
E nada foi como dantes: subimos, subimos, subimos e após subirmos, continuamos a subir.
Aquele-cujo-nome-não-pode-ser-pronunciado tomava a dianteira sempre com ar descontraído e alegre, não havia duvida, estava no RECREIO e só não assobiava porque pensamos que ele não sabe.
Subimos, subimos, subimos...

O domador de jibóias (também conhecido por Filipe) não estava entre nós, mas alguém tinha que furar e por isso o Miguel voluntariou-se e arranjou um prego (agora que falo nisso, barracas com pregos e bifanas no meio do monte para nos dar assistência é que era uma ideia genial!) ferrugento para vazar o pneu traseiro e ter de dar á bomba.
Não tem a técnica do Filipe mas com treinos vai lá!

Neste episódio ficamos a conhecer mais uma capacidade daquele-cujo-nome-não-pode-ser-pronunciado já que possui glândulas capazes de produzir liquido selante, o que valeu ao colega apeado. Há quem diga que as mesmas glândulas conseguem produzir Araldite e Supercola3 dependendo apenas da técnica de aplicação por parte do indivíduo.
O prego!

Segregado o selante verifica-se a eficácia do tratamento ao pneu!

Prosseguimos… Não sei se já tinha dito que subimos, mas de facto continuamos a subir.
Quanto mais subíamos mais éramos afectados pela falta de oxigénio, todos menos um que à semelhança dos seres anaeróbicos, aumentam a sua actividade em ares tão rarefeitos.
Pelo caminho, numas das diversas paragens que fizemos para descompressão, demos indicações a um piloto de uma avioneta mais distraído que ia uma altitude ligeiramente abaixo da nossa, e perguntava para onde ficava o aeroporto de Pedras Rubras!!!
Chegados ao cume, mais concretamente á Cruz Vermelha, concluímos que tínhamos cruzado por caminhos inóspitos e inexplorados (exagerados estes adjectivos mas vêm na linha do pensamento de missão impossível adoptada neste texto!) em 3 concelhos: Ponte de Lima, Paredes de Coura e Arcos de Valdevez.
"Quem sou eu? Que faço aqui?"

"Ups! Acho que um pulmão me caiu lá atrás!"

"GLUP!"

"Ai que eu morro!"

Paulino abstracto a tentar entender o que lhe tinha acontecido.
Agostinho e o sorriso de quem pensa: "Isto é tão divertido e os meus colegas estão apáticos. Vamos lá cambada!"

A cruz vermelha e o conquistador ao cimo!

Percebemos também que a cor da cruz (vermelha) era o resultado da paragem prolongada após a subida, que devido ao afluxo de sangue vindo das pernas de regresso á cabeça faz com vejamos tudo vermelho.
E nesse local mítico tudo foi revelado: Na noite anterior o Alone Ranger Valente e aquele-cujo-nome-não-pode-ser-pronunciado, munidos de um caldeirão, poções malcheirosas e pestilentas e de um Google Hearth que teima em mostrar o mundo plano ou com elevações 3D enganadoras, criaram o passeiozinho do demo.
Tempo para recuperar a identidade (naquela altura nem sabíamos quem éramos tal o esforço despendido!) o fôlego e a determinação.
Na descida nada a assinalar, tinha acabado o recreio daquele cujo-nome-não-pode-ser-pronunciado e agora era o nosso, estradões abaixo e estrada nacional a tout-la-vitesse pois o Telhadinhos (para os que não sabem é uma tasca tradicional muito gira) chamava ao longe: “TapafurQs! TapafurQs! Temos um branquinho fresquinho e bolos de bacalhau saídinhos agora!” – Juro que ouvi isto por diversas vezes durante o caminho, agora como o fazem é que não sei...marketing agressivo talvez!

Chegados à vila mais antiga de Portugal, tempo para alegrar o dia com o reforço anunciado em vozes do além e as beberages da praxe… referimo-nos às limonadas claro está.
A tempo de nos acompanhar neste esforço final apareceu o Alone Ranger, vestido à civil, embora pensamos que veio verificar se ainda estávamos inteiros e a respirar. 
Alone à civil com o sorriso de quem espera ver estragos depois de marcar o trajecto ao qual não foi!

Só um sorri abertamente satisfeito com o "treino moderado", os restantes estão com esgares!


Não há duvida: os companheiros Limianos elaboraram um feitiço poderoso no GPS e o gingamoichinhos fez-nos trepar que nem cabritas montesas, mas trilhos agrestes há-os em todos os concelhos deste distrito e eles vão lá estar…
Já dizia o outro: DEIXA-OS POISAR!

Abraços tapafuristicQs!!

1 comentário:

  1. só não entendo a razão da paragem obrigatória na tasca!...

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