sexta-feira, 30 de setembro de 2011

5 Cumes – O galo de (em) Barcelos

Os TapafurQs, como não poderia deixar de ser, fizeram questão de participar na prova maior do BTT no Norte do país “Os 5 Cumes” organizado pelos Amigos da Montanha de Barcelos.
Começamos por fazer justiça dando os sinceros parabéns à organização, que brindou os cerca de 3000 ciclistas com percursos espectaculares, uma logística impressionante, e actividades para todos os acompanhantes que não sendo dados às coisas do pedal não ficaram à seca à espera do final da prova e puderam assim passar um dia divertido na bela cidade de Barcelos.
Feita a introdução vamos à crónica propriamente dita, cheia de peripécias e acontecimentos como adiante veremos.

7:00 Canta o galo!

O raio da ave cantou cedo pois teríamos de fazer 50 quilómetros para chegarmos ao local da concentração. O destino a dar a este Galo era a panela mas havia que vestir as lycras.
Os tapafurQs, de diversas proveniências, estabeleceram um plano elaborado para que se minimizasse o número de veículos automóveis a utilizar. Damos como exemplo o plano 354 que dizia: “O automóvel X leva a bicicleta 2 e 5 com os atletas A, D, E e F e o automóvel Y leva as bicicletas 3, 6,7 e 8 com o B e o D onde se encontrará no local ALPHA TANGO com o automóvel Z que leva os atletas H e I com as bicicletas 1 e 9…” estão a ver a ideia? Simples!

Agostinho e Filipe (ainda não devidamente trajado) trabalham "arduamente" nos preparativos da partida.


9:00 Depois de 28 enganos eis-nos reunidos em Barcelos

Resumidamente estavam presentes: o Valente, o Viana, o Miguel, o Paulino, o Serafim, o Isá, o Angelo e o Agostinho mais os nossos amigos Victor, João Pedro e Filipe Ramos. Estes últimos, não sendo (ainda) membros de pleno direito do clube, ostentariam orgulhosamente camisolas tapafurQs cedidas pelos outros elementos para que o processo de integração dos mesmos, neste belo e esplendoroso grupo, prosseguisse os trâmites legais (ponto 4 dos estatutos não escritos que diz claramente: “ Aaaah e tal, não sei o quê e não obstante”).
Com ritmos diferentes, e sendo uma prova onde o cuidado para não levarmos com um “pró” em cima ansioso por conseguir ganhar uns admiráveis segundos em relação ao 237º colocado, combinamos que, assim que a coisa rolasse, cada qual tomaria o seu andamento, mas à partida estaríamos todos juntos para que a festa fosse mais animada.
Tal não foi possível de todo por vários motivos:
 - O Paulino tinha seguido sozinho para Barcelos pelo que quando chegou ao local da partida depressa foi ensanduichado por 315 tipos de lycras desaparecendo na multidão.
-  Os restantes elementos ficaram a tratar da bicicleta XPTO+ do Valente uma KTM de suspensão total emprestada já que a dele estava no estaleiro, mas que veio com um pneu traçado pelo que foi necessário trocar as borrachas (Ver tutorial no post anterior). Nota para a diversão causada pelo Valente que a braços com tanto botão no tablier da bicicleta por diversas vezes engatou a marcha-atrás causando pânico entre os presentes.
- Quando passamos o ponto de controlo para a partida depressa o Miguel foi avançando na multidão não se apercebendo que levava a rasto 37 ciclistas e o Serafim que aproveitou a condição anoréctica da sua montada para ir passando nos centímetros disponíveis entre os presentes.
- Os restantes deslumbrados por nunca se virem noutra, acamparam no primeiro lugar disponível.

"Dá cá um pneu pois com este perfil na roda só posso andar sobre carris"

O Vitor pergunta a Agostinho se ataca logo de inicio enquanto o João Pedro ainda sorria na expectativa de no reforço serem distribuidos pacotes de bolachas.

Ang3lo e Viana a rirem pois não desconfiavam dos Kms que os esperavam

Lá á frente estão o Paulino o Miguel e o Serafim - Onde estão os Wally's?

Filipe apreensivo, Valente em atitude séria e Isá bem disposto. Atrás dois gajos inconscientes!



9:30 Tudo a dar ao pedal.. ou não!

O speaker de serviço num entusiasmo que só ele tinha, gritou qualquer coisa que fez avançar os lycrosos da linha da frente, mas no local de onde este cronista se encontrava ninguém montava as biclas. Mais, foram precisos 6 minutos para que tal acontecesse. Pergunto eu: como poderíamos chegar entre os primeiros se logo à partida estamos 6 minutos atrasados? Havia que tomar medidas mais enérgicas e determinadas.

Um fotografo apanhou o Miguel na partida.


9:32 2ª partida

O arranque apoteótico e caótico tinha acontecido mas os TapafurQs estavam descontentes, 6 minutos atrasados? Começava a haver um grande desconforto no seio do grupo. Reunidos de emergência nos primeiros metros da prova, decidimos ir ao ataque, mas para isso era necessário um café!
100 metros depois do arranque já desmontávamos à porta de um café simpático com umas senhoras (perdão, meninas!) não menos simpáticas que nos serviram uma deliciosa e retemperadora beberagem cheia de cafeína.
Ala que se faz tarde e temos que atacar, e por isso partimos…pela 2ª vez!

9:50 Já vamos na frente!

Os tapafurQs (a maioria deles já que o Agostinho perdeu-se logo ao inicio e coitado já ia a meio do pelotão, e do Serafim, do Miguel e do Paulino dos quais não tínhamos noticias da cabeça do pelotão) atacavam a bom ritmo e as ultrapassagens sucediam-se de forma vertiginosa.
De repente o João Pedro, que se esquecera das bolachas em casa e que portanto não tinha a pujança habitual, exclama a alto e bom som: “Conseguimos apanha-lo e vamos para a frente!”
O esforço foi recompensado e finalmente colocamo-nos na frente... do carro vassoura, para o efeito um jipe dos bombeiros de Barcelinhos cujos ocupantes, muito admirados pela nossa presença, nos inquiriam se ainda havia mais para trás ao que prontamente respondemos: viemos à velocidade da luz mas havia outros mais lentos entre os carros. A expressão do bombeiro ficou com ele para trás…
Já depois de apanharmos o carro vassoura JP já só pensa em...bola.. não é bolachas, são bolas de berlim!

10:00 Não se vêm as placas mas o que interessa é seguir a manada

A esta hora o grupo dos TapafurQs estava ordenado pela seguinte forma: Entre os primeiros 500 o Paulino, no grupo dos 1000 estavam o Serafim e o Agostinho, dos 100 aos 2000 o Miguel e nos restantes estávamos nós os da cafeína.
O primeiro cume não era complicado mas o número de ciclistas a percorrer os trilhos dificultava as estratégias de abordagem das subidas. O lema era: vai pedalando até embateres num ciclista apeado e depois exclama ofegante com cara de aborrecido: “Se não fosse esta paragem subia tudo seguido”.
Quase no cume do 1º…aaah cume(!), o milhafre que nos persegue ataca: uma pedra de 4 toneladas (um bocado exagerado mas dramaticamente mais forte) embate violentamente na roda pedaleira do Isá e um dente (da pedaleira) ficou torto. Valeu uma marreta de alguém da organização para pôr o Isá a pedalar novamente.
O pior vinha já a seguir.

10:45 O Galo do Paulino e “a coisa podia ter sido feia”

Nem 100 metros percorridos do 1º controlo e dois bombeiros ocupavam quase todo o caminho. Pior foi a visão de 2 ciclistas com a camisola tapafurQs com cara de preocupação junto dos soldados da paz. Para pintar de negro a cena quando paramos vimos o nosso amigo Paulino semi-sentado no chão, agarrado ao ombro e com um ar francamente queixoso.
Não podia ter sido obra do milhafre pois ele não se atreve a tornar as coisas tão sérias e os cuidados que o nosso colega necessitava fez com que no seio do grupo, a prova deixasse de ter qualquer importância. A queda foi violenta e a preocupação grande com as suspeitas de fractura da clavícula e quiçá costelas. Palavras de homenagem à organização e principalmente aos bombeiros que apesar do local onde ocorreu o acidente não demoraram assim tanto tempo a prestar os primeiros socorros.
Aguardamos pela chegada da ambulância (um jipe – único veiculo com acesso ao local) e vimos o nosso amigo ser exemplarmente imobilizado e colocado numa maca para o transportar ao hospital.
Fica já a conclusão do acidente pois a prova continuou para alguns de nós: O Paulino não partiu nada, apenas deslocou o ombro que deve ter voltado ao sítio com os solavancos que levou na interminável descida do local onde estava até à estrada. Está dorido mas não vencido e contamos com ele para breve – MELHORAS COMPANHEIRO.
Havia que decidir (e a sério) o que fazer, e por questões de logística, 2 elementos abandonariam a prova mais cedo para acompanharem o nosso colega ferido. Iríamos todos até ao reforço e dali o Miguel e o Serafim arrancariam pela estrada nacional até Barcelos.
Assim foi decidido pois os bombeiros ainda teriam de prestar assistência a outro ciclista vítima de queda (a cerca de 100 metros do Paulino) e previa-se que a questão demorasse o seu tempo a ter o devido andamento.
O Paulino, de entre as dores que o acometiam ia dizendo ao resto do pessoal: “Eu estou bem e não há necessidade de irdes para o hospital por isso continuai.” – Grande!

Assim o fizemos.
E o Agostinho? Esse disparava que nem uma bala lá na frente.


11:30 Ora bolas, muitas bolas!!!

Chegados à Zona de reabastecimento já o grupo dos TapafurQs estava mais tranquilo em relação ao colega acidentado. Diversos telefonemas para o interior do veículo de emergência deram-nos conta que ainda estava no meio do monte e mais confortável em relação à dor pelo que podíamos voltar a relaxar um pouco.
E foi aqui, ou como diria o Professor José Hermano Saraiva: “E foi aqui meus amigos, que as bolas rolaram com as hordas de guerreiros das lycras esfomeados que brutalmente ocuparam o local”.
As bolas de Berlim com que os Amigos da Montanha nos presentearam foram sublimes e que o diga o João Pedro que quase apanha uma overdose da iguaria. Pena foi que nos controlos seguintes não controlassem os bolsos, ou o rapaz teria de explicar que na realidade a camisola tinha dispensas de armazenamento.
Depois de comidos, bebidos e de uma paragem na oficina campal lá montada para arranjarmos o dente da pedaleira do Isá (perante a insistência do Serafim em arrancar o dito dente), o grupo reduziu-se com a ida directa para Barcelos dos já mencionados Miguel e Serafim. Pela abnegação dos mesmos, o abraço agradecido dos restantes TapafurQs.

Aqui falávamos com o Paulino ainda no jipe (ambulância disfarçada mas com luzinhas e tudo) no meio do monte

Serafim e Viana a pensarem em bater no fotografo que não os deixava ir buscar mais bolas de berlim

Esta é dedicada ao Paulino que devia estar ali!

O mecânico faz road service numa espécie de bike assistence (em Inglês as coisas sem jeito nenhum tem mais pinta)


13:10 Em conta gotas lá vão chegando

Depois do reforço foi zimbrar até à meta (devagarinho ou o que pensam? aquilo é duro!).
Trilhos espectaculares, subidinhas manhosas e descidas rápidas (sempre com o travão a funcionar já que o exemplo do que pode correr mal bateu-nos à porta).
Um a um todos foram chegando à meta, com ares de carvoeiros ferroviários, os elementos dos TapafurQs.
Por esta hora já o Agostinho nos aguardava com notícias do Paulino que ainda se encontrava no hospital a fazer raio X.
O banho foi outra aventura, mas com tanto pessoal a querer dar brilho aos cromados achamos que até nem esteve mal, e até havia agua quente!!!
Já à civil, alegremente nos reunimos com o Paulino que com boas novas nos anunciou que nada estava partido mas que a coça tinha sido valente (eu disse coça valente não coça do Valente).

16:15 Favaios é a bebida, Francesinha é a comida

Foi apenas a esta hora que todos os participantes nos 5 cumes (menos Paulino e Miguel que o levou para casa) se reuniram para o debriefing, que é como quem diz, de copo na mão a soltar disparates para a atmosfera.
Como habitualmente imensas barbaridades ali foram “lauferadas” e até um novo projecto lá foi lançado, a ver vamos se com pernas para andar.
Hora de atacar as francesinhas num restaurante na Correlhã – Ponte de Lima que serviu para retemperarmos energias perdidas.
No final o que sobrou foi a satisfação: que bela prova, que grande organização e que estupenda camaradagem nos TapafurQs. – Assim vale a pena!
Em relação ao nosso lesionado aplicamos a velha máxima “tudo está bem quando acaba bem” e felizmente o grande Paulino está bem!

Quem pensará um dia por destas coisas nos reforços das provas? Isso é que era!!!!

Vitor a ler o jornal desportivo, JP a pensar na comida e Serafim a por ordem no rapaz.

Angelo e Filipe em comunhão de pensamento: "Agora era menos conversa e mais comida"

Isá explica como se ataca uma francesinha (a da foto acima atenção)

Valente olha na expectativa de ver surgir a sua francesinha e Viana brinda a isso mesmo.

Ao final, o Isá mostra como foi o dia: ALTAMENTE!

Por isso abraços tapafurísticos e …fiquem bem! :)
 

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