Estava eu no meio de uma descida brutal, daquelas que transformam “os Bttistas” em seres um pouco estranhos, mas que servem de justificação para as lycras e os collants e a lama e o pó…Os nós dos dedos estavam a começar a acusar o desconforto da posição das mãos sobre os travões. As pernas aqueciam sob a constante tensão a que obrigava o “senta/levanta” do selim, tentando compensar a inclinação da bicicleta, rompendo monte abaixo, chicoteado por ervas e giestas que cortavam a pele dos braços e pernas.
Acordei!
Eram sete da manhã e o despertador tocou num “toca a levantar e vai vestir as lycras pá!”
Ui! Já deve estar alguém a pé! Que barulheira! - Ensonado fui à janela observar a “meteorologia in loco”- bem melhor do que a “meteorologia informática” que mostra sempre as mesmas nuvens brancas com 3 gotas azuis e ficamos sem saber se será novamente o El Niño ou se apenas serão aguaceiros: - Que Raio! Cadé a paisagem? E que barulho é este? - Interroguei-me.
As 4 horas de sono, resumidas a 3 pela mudança de hora (maldito equinócio da Primavera, tinhas de calhar ao Sábado) estariam a fazer das suas? Esfreguei os órgãos da visão numa tentativa de clarear as coisas – Nada disso! A imagem monocromática do exterior em tons de cinzento confirmava a primeira impressão: tecto de nuvens baixíssimo e uma película cinzenta por todo o campo de visão. Arregalei os olhos e apurei os sentidos: O barulho é a chuva!
Pensei para comigo: Dasse! – Fiquei chateado!
E como que por magia, foi nessa ocasião que o cansaço e o sono me bateram como uma moca manipulada pelo Obelix! - Vou avisar que hoje não dá! – Resolvi eu.
Enviei sms, recebi sms, reenviei sms e tornei a receber sms, conversa meio tola do qual não me recordo muito bem mas que deu em “até amanhã”… Boa! Tenho bilhete para a cama novamente.
Olhei de novo para a janela e por pouco não ficava tipo gato Garfield agarrado à vidraça, como naqueles automóveis em que o simpático felino por vezes passeia, tal era o sono. Dei meia volta e pus-me a caminho do quarto.
Passei pelas lycras alinhadas, preparadas para a aventura do pedal, ansiosas pela saída. Sorri-lhes e murmurei: - Hoje não!
Deitei-me, puxei os cobertores, fechei os olhos e suspirei. A chuva, anteriormente um barulho esquisito era agora uma bela canção de embalar.
Vieram-me à mente os meus colegas, especialmente aqueles que já de collans se preparavam para a molha: Tolinhos! E adormeci…
Voltei à descida Brutal. Conseguia perceber que mais à frente se aproximava a grande velocidade uma pedra, que pelas dimensões me poderia trazer problemas.ZZZZZZZZZZZZZZZZZ
Resumindo: Este Domingo não andei de bicicleta, mas sonhei com isso que me fartei! :)
Abraços
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